Dia 120: O olho do furacão
Encontramo-nos muitas vezes naquele ponto em que nos sentimos completamente perdidos. Olhamos à nossa volta e nada parece fazer sentido. Todas as nossas dúvidas e receios nos assaltam. O nosso coração e a nossa razão envolvem-se num tango feroz. Não sabemos quem devemos deixar liderar este fervoroso dueto. É comum sentirmo-nos sozinhos e incompreendidos quando estamos neste lugar. É difícil acreditar que alguém saiba ou compreenda realmente o que estamos a sentir.
Contudo, é precisamente no meio deste caos que podemos encontrar o "olho do furacão". Aquele momento em que podemos ver nitidamente o céu. Todos os pensamentos e emoções ficam presos no enorme túnel que se estende até às nuvens e finalmente conseguimos ver com clareza e desfrutar de uma estranha sensação de serenidade. Este é o momento em que tomamos consciência das nossas metas e objetivos. Este é o momento em que assumimos perante nós mesmos, o que realmente deseja-mos.
Passado o olho da tempestade ainda temos o que poderá ser um longo percurso. Ainda temos uma poderosa frente para atravessar. Os ventos são impiedosos, os obstáculos são mais que muitos e temos de ser fortes e persistentes. Temos de nos agarrar à imagem do céu limpo e continuar em frente.
Quando a tempestade passa respiramos fundo. Mas o trabalho não acaba aqui. Agora é preciso apanhar os estilhaços, limpar, erguer novas casas, recuperar o que se perdeu e merece ser mantido ou reinventado e criar novas formas de viver e de lidar connosco e com o mundo.
Com o tempo as árvores voltarão as dar frutos e os quintais, repletos de flores, voltarão a ter crianças a andar de baloiço e a correr. O céu limpo, essa terra prometida, será finalmente nosso.
Gosto de acreditar que o céu existe por cima das nossas cabeças para nos "obrigar" a erguer as mesmas. Gosto de acreditar que o céu é o céu para nos inspirar a manter a cabeça erguida.
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