Dia 97: Intolerância às emoções
Vivemos numa década onde praticamente toda a gente é intolerante a qualquer coisa. Carnes brancas, lacticínios, mudanças de estação, o vizinho de cima, o cão do vizinho de cima... Tudo é motivo para os nossos frágeis egos e organismos barafustarem. Somos, a bem dizer, todos muito sensíveis e um alvo fácil para todo o tipo de "ataques" externos.
Preocupamo-nos muito com tudo o que está à nossa volta e com tudo aquilo que não podemos controlar.
Curiosamente, e na maior parte dos casos, a cura não passa por reclamar ou andar carrancudo (que descoberta bizarra esta a minha, hein?).
Visto isto, vamos lá tentar colocar "a coisa" em perspetiva. Ora bem, voltando à questão da intolerância. Acho que aqui é importante regressarmos atrás no tempo e perceber porque começámos a ser intolerantes em primeiro lugar, qual é a raiz do problema. A culpa é mesmo do cão do vizinho ou eu já estava danada com o mundo em geral e o desgraçado é que pagou as favas?
Sim, hoje troquei a linguagem (chamemos-lhe, ainda que erroneamente) ZEN, pelo comum calão (há momentos em que não vale a pena florear, é meter o dedo na ferida e siga "pra bingo").
Intolerância às emoções é o tema que escolhi hoje, para objeto de reflexão. Bem sei que, à primeira vista, todo o meu discurso anterior, pode parecer não estar relacionado com emoções mas a verdade é esta: numa grande parte dos casos recorremos a "pontos de abrigo", a camuflagem, para não lidarmos com os verdadeiros problemas, com as nossas questões mais complicadas e as nossas emoções mais profundas e por vezes mais dolorosas. "Descontar" no cão do vizinho para mim é isso mesmo. Uma forma de manipularmos a nossa mente e de garantirmos que não a deixamos vaguear para aquele recanto obscuro que teimamos em ignorar.
O problema é que mais tarde ou mais cedo, e esta lógica serve tanto para os mais "racionais" como para os mais "esotéricos", teremos de lidar com esse recanto obscuro. Teremos de ir lá, esfregar o chão imundo com as nossas próprias mãos, abrir a janela, deixar a luz e o ar entrar e começar a decorar... Mais tarde ou mais cedo, teremos de lidar connosco próprios.
No início não vai ser bonito. Durante uma "limpeza" destas o mais provável é ficarmos com os joelhos roxos de andar de gatas, a unhas encardidas, os cabelos desgrenhados, o corpo dorido...
Mas pensem assim, o Universo conspira (e agora sim voltei ao meu registo ZEN) e tudo terminará bem :) A Primavera já está aí e as limpezas desta estação são conhecidas por serem as mais profundas e eficientes ;)
Bem, depois deste "sermão aos peixes" só me resta desejar-vos uma coisa....
Boas limpezas!!!
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