Dia 49: A vergonha
Chegou o calor e com ele a vontade de mostrar o corpo. Mudar o guarda-roupa de inverno para verão, comprar roupa nova e experimentar aquele bikini. Tudo o queremos é estar em contato com o sol e com o calor. Tudo o que queremos é que aquele calor aqueça o nosso corpo mas sobretudo a nossa alma.
O nosso corpo e a forma como lidamos com ele é provavelmente um dos maiores desafios do EGO. Alto de mais, baixo de mais, magro de mais, gordo de mais, moreno de mais, encaracolado de mais, curto de mais, ... Enfim, no que diz respeito a encontrar defeitos em nós próprios conseguimos ser verdadeiramente criativos (e imaginativos).
Durante anos debati-me com a vergonha pelo meu corpo. Sempre fui magra e sentia que o meu corpo me separava de tudo aquilo que eu desejava. Vergonha de mostrar os braços, os ombros, as pernas, ... Vergonha de me cruzar com um espelho, de entrar no provador de uma loja. Duvidar que podia ser amada.
Até que houve um dia em que me decidi. Ia ser feliz. Ia ter orgulho naquilo que sou. E desde então, sempre que me ocorre não ter orgulho no meu corpo digo para mim mesma que DEVO respeito, amor e carinho a mim mesma e que a beleza começa cá dentro e só depois se manifesta cá fora. Todos os dias tento então ser uma pouco mais "bonita por dentro" e, independentemente do que os outros pensem, sinto-me bonita por fora.
O yôga foi um passo importante, mas que eu só permiti entrar na minha vida depois de me aceitar. O yôga entrou na minha vida quando eu estava preparada para ele e para o entender e abraçar plenamente. Ele ensinou-me a lidar com as recaídas e a deixar transparecer o entusiasmo e a paixão que eu também escondia dentro de mim, pela vida.
O yôga ensinou-me a apreciar a paisagem e a parar de correr para nenhures. O yôga ensinou-me a reconhecer a verdadeira beleza, mesmo quando ela não está à vista. Ensinou-me a parar, a respirar fundo e a ver com o coração.
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