Dia 4: Dolce Fare Niente
Existe uma tendência para nos sentirmos culpados por abdicarmos das nossas "responsabilidades" do dia-a-dia. Chegar a casa e ignorar uma pilha de roupa por passar para tomar um longo banho de imersão, abrir uma garrafa de vinho e sentarmo-nos a ouvir musica e meditar pode revelar-se um verdadeiro desafio.
É incrível a quantidade de momentos de lazer de que abdicamos em prol de actividades que pouco ou não contribuem para o PRAZER.
Associamos este sentimento de culpa às imposições que a igreja católica aos ocidentais durante séculos mas nunca paramos para pensar que se a sede do catolicismo é ROMA, esta cidade é também a capital do prazer, com o seu célebre lema "Dolce fare niente"!
Afinal de contas, o que é realmente importante? Mantemos a casa organizada, as contas em dia e a dispensa cheia para garantir que temos controlo sobre a nossa vida quando, na verdade, abandonamos por completo o prazer de viver, só para garantir que tudo aparenta estar organizado. É como se as nossas roupas, casas, carros e férias fossem uma camuflagem para a única coisa que achamos não ser possível controlar: a felicidade.
No hinduísmo existe um conceito que os ocidentais costumam interpretar como egoísmo, chama-se desprendimento. O desprendimento é a capacidade de nos "desprendermos" dos bens terrenos (sejam eles humanos ou materiais) e do nosso ego como forma de alcançar a verdadeira felicidade, que reside para lá do mundo das aparências.
"Dolce fare niente" significa literalmente o "doce fazer nada".
É pois chegado o momento de nos entregarmos, sem qualquer pudor, ao prazer de viver!
Comentários
Um dia, espero que sem ter de bater no fundo primeiro, fujo e dou origem a um novo "comer, orar e amar".
Buona notte, caro mio.
Mariana Fonseca, who else?