(Re)Partilho - Trapézio sem rede

Hoje optei por (re)partilhar um post de Fevereiro passado.
É engraçado... Sempre que me leio é como se outra pessoa tivesse escrito e, por vezes, quando dou por mim, encontro em mim mesma as palavras que julgava perdidas.

Namastê _/\_

Medito sobre a chávena de chá. Os Media infestam-nos com más notícias e a perspectiva a médio/longo prazo é simplesmente cruel. Mil e uma questões pairam na minha cabeça e não consigo evitar sentir-me quase cansada de mais. 

A realidade é que coloquei grande parte da minha vida em stand by. Tentei o plano idílico: crescer, estudar, arranjar um emprego e formar uma família. Fiz tudo "by the book" e a resposta que tive a este comportamento foi que era melhor começar a pensar "outside the box", rasgar o livro, erguer a cabeça e seguir em frente. Dei por mim a questionar a incompatibilidade de tudo: hoje em dia se nos queremos dedicar a um trabalho não nos podemos dedicar à família e vice-versa; se nos queremos dedicar a um hobby é porque emocionalmente não conseguimos extrair nada do nosso trabalho; se somos criativos é porque as regras não nos levaram a lado nenhum e depois de muito esforço acabámos por abdicar delas.

Eu costumava ser uma daquelas pessoas que acreditava que se fizesse tudo "certinho" ia ser recompensada no final. Não tenho feitio para sair da linha... mas tive que aprender a largá-la e a passar a andar em cima dela, como se de um trapézio se tratasse. Equilíbrio, equilíbrio... Costas direitas, cabeça no comprimento da coluna, queixo em frente, respiração completa, consciente e ritmada. É o meu "yôga" uma vez mais que dita o meu comportamento. Percorrer este trapézio sem rede deixa-me muitas vezes sem fôlego. Sempre tive o sangue a fervilhar nas veias mas para este exercício tive de o converter em sangue frio. 

Oscilo entre a esperança e o medo. Ei-de cair deste trapézio e quando o fizer vou certamente fechar os olhos com muita força e pedir ao Universo para cair no lado da esperança. O lado do medo é escuro e eu tenho medo da escuridão. Quero aterrar numa cama de flores primaveris. Quero a oportunidade de continuar a ser uma romântica e uma optimista. Hoje em dia já não me dou ao "luxo" de querer muita coisa... optei por começar a fazer as vontades a mim mesma e parar de esperar por recompensas. 

Há quem diga que somos nós que fazemos a nossa própria sorte. Parece-me um plano B...
Fecho os olhos e mergulho. 

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